sábado, dezembro 30, 2006

Notícias para a Pinha

Ora este post vai directamente para a minha Dra Pinha que, hoje em conversa estúpidas acabou a nadar em seco, quando num acto de pura irracionalidade tivemos um acesso de bom comportamento, seriedade e inteligência e veio à baila o caso do "Osso da Baleia". Pois que fica aqui para ela uma breve dissertação e um spot informativo sobre a questão. Tudo isto, porque este blog é tido como um blog informativo e para intelectualóides (?!).
Aparentemente levava uma vida normal, mas lá no fundo remoía ódio pelas mulheres – como se elas fossem culpadas do mal, do pecado e do vício que conspurcavam o mundo.
“Vou tentar assassinar de forma brutal duas ou três raparigas e em seguida as minhas filhas”– escreveu ele no seu diário.
No dia 1 de Março de 1987, Vítor Jorge acordou disposto a cumprir o que se propunha. Arredondava o salário do banco com um ‘hobby’ de fim-de-semana: era fotógrafo de casamentos e baptizados. Naquele sábado deixou a mulher, as duas filhas e o filho na espaçosa vivenda da família, nos arredores da Marinha Grande, e disse que ia fotografar um aniversário – por sinal, a festa de anos da amante. Levou a mala com o material fotográfico e escondeu na carrinha Renault 4L branca uma caçadeira e uma faca de cozinha.A aniversariante tinha convidado mais quatro amigos. A festa terminou pouco antes da meia-noite. Vítor Jorge ofereceu-se para levar a casa os dois casais amigos da amante. Sugeriu que de caminho fossem ver o mar à Praia do Osso da Baleia e insistiu com a amante para os acompanhar. Esta ocupou o banco da frente da carrinha, os outros apertaram-se atrás e abalaram para a morte.
O areal iluminado pela lua cheia tinha cor de prata. O mar rebentava na praia. A amante e os amigos estavam eufóricos. Um deles, segundo Vítor Jorge contou em Tribunal, propôs um sessão de sexo em grupo e ele ficou transtornado: foi ao carro e regressou de caçadeira e cartuchos nos bolsos.O primeiro tiro apanhou José Pacheco. O segundo atingiu Leonor (a amante). Vítor Jorge carregou a arma e disparou contra Luís Miguel e Maria do Céu. Meteu mais dois cartuchos na caçadeira e alvejou Isabel Maria.
Nunca se soube se as vítimas da chacina morreram em consequência dos tiros: o médico legista não conseguiu determinar as verdadeiras causas da morte. Vítor Jorge encontrou um pau na praia e bateu furiosamente nos corpos. A seguir, esfaqueou-os a todos – repetidamente.Vítor meteu-se na carrinha e chegou a casa cerca da uma da manhã. Acordou a mulhe e contou-lhe uma história: disse-lhe que tinha atropelado um homem e pediu-lhe para o acompanhar ao local do acidente.
O marido levou-a de carro para um pinhal, em Amor, nos arredores da Marinha Grande, onde a matou com quatro facadas nas costas.Estava escrito, pelo seu próprio punho, que mataria as filhas. Estava sedento de sangue – por o sangue derramado pelas mulheres havia de limpar os males do mundo. Regressou a casa e acordou a filha mais velha então com 17 anos. Contou-lhe a mesma mentira do atropelamento e, com voz doce, pediu-lhe ajuda para socorrer o homem que tinha atropelado: ela que se vestisse, sem barulho, para não acordar a família, e o acompanhasse. No mesmo pinhal de Amor, desferiu-lhe cinco golpes com a faca.Vítor Jorge, exausto, ainda encontrou forças para voltar a casa. Obrigou a filha mais nova, de 14 anos, a sair da cama. A menina, ensonada, acompanhou o pai – que a levou para o pinhal. Ela ouviu os gemidos da irmã, em agonia, ferida de morte. Fugiu em pânico. O pai correu atrás de faca na mão – mas caiu vencido pelo cansaço. A pequena correu pela estrada. Perdeu-se. Foi encontrada de manhã.
Não há memória em Portugal de uma coisa assim. O que terá levado este homem, até aí um pacato bancário, a enlouquecer ao ponto de ceifar sete vidas – entre elas a da mulher e da filha? Nunca pensou em molestar o filho de onze anos. Fermentava no homicida o ódio contra as mulheres – todas as mulheres, fontes de pecado.
Vítor Jorge só foi encontrado ao fim de quatro dias. Uma patrulha da GNR encontrou-o, faminto e a tremer de medo, escondido no antigo celeiro da avó materna.Durante o julgamento, no Tribunal da Marinha Grande, Vítor Jorge confessou os crimes, pediu para ser internado para o resto da vida e alertou para o perigo de um dia matar mais gente. Os juízes não o ouviram. Nem sequer ligaram à opinião de uma equipa de três médicos liderada pelo professor Eduardo Luís Cortesão, um sábio da psiquiatria – que o considerou de “alto risco para a comunidade”. Condenaram-no como um vulgar criminoso.
E aqui está a história horrenda da tão famosa chacina.
Epá sei que não fica bonito, ainda mais numa altura tão linda (?!) como esta estar a publicar coisas destas, mas é para o bem da cultura da minha Pinha.
Amanhã prometo escrever outra coisa, porque agora dizem que é tarde e o João Pestana já chegou para me levar a dormir. Fica só uma dica: amanhã é dia de refilice, por isso cá estará um post que tem por base mais uma revolta dos pastéis de bacalhau e dos Cheetos Futebolas.
***

5 comentários:

Mim... disse...

Ora cá está um belo titulo po post! Mas como ha gente que tem que ser (e agradece) instruída... :)
Um obrigada pelo post quasi-exclusivamente para a minha cultura
Assim sim, sinto-me uma pessoa melhor! Ja nao sei o que era a minha vida sem saber do caso do "Osso da Baleia"! =) kidding pinha!
Um bem haja a estas pessoas altruístas q se preocupam com a nossa (boa) cultura geral! * :)

ps- no meio das nossas broeiradas, vês como ate surgem casos interessantes???

Gonçalo Rodrigues disse...

gostei do teu blog....continua!..
Osso da baleia?...não fica muito longe de mim, mas acho que o mar é bravo e nc lá fui....lol..sitio muito assombrado, histórias não faltam.

Anónimo disse...

ola...encontreivos por acaso...
tinha dois anos quando tudo isto se passou! a minha familia estava de rastos e na verdade ainda ainda somos assombrados pelo medo e pela ma sorte.
Na minha familia esta foi uma grande perda... mas nao ficou por aqui... Ha cerca de 10 anos atras voltamos a viver dias negros. Lembram se do taxista que foi axaxinado com 3 tiros de caxadeira em agueda... era tio de uma das vitimas do osso da baleia... como podem perceber a nossa familia tem tristes historias para contar .

Anónimo disse...

Olá o Luís Miguel que falas era meu vizinho , os irmãos são meus "irmãos"também. Tinha 6 anos quando aconteceu mas se fechar os olhos ainda recordo os gritos da mãe dele e da minha...

Unknown disse...

O meu nome é Luís Maia, sou jornalista da SIC e vou iniciar um trabalho sobre o massacre do Osso da Baleia. Gostava de contactar famílias das vítimas. Gostaria de contactar o anónimo que disse conhecer a mãe do Luís Miguel. Se lerem este comentário e conseguirem ajudar-me, enviem contactos para luismaia76@gmail.com.
Obrigado.