sábado, janeiro 14, 2006

Momento Poético.......

O que é o Amor? Não sei; nem é preciso
Tentar saber, - tentar ou descobrir
Por que razão há quem pretenda ouvir
A fala de um olhar ou de um sorriso.

Jamais devemos formular um juízo
Para poder pensar ou reflectir
Sobre o que nasce e anda a progredir
No silêncio das almas, impreciso...

Tumulto sereníssimo e fecundo;
Domínio dominado na inconstância
De fixar os desvairos deste mundo....

E se a vida é somente o que se vê,
Será melhor andarmos na ignorância
De nos amarmos sem saber porquê.

*

Para que andamos nós nesta vaidade
Em não dizermos só o que sentimos,
Se afinal quanto mais nos iludimos
Mais nos custa aceitar a realidade?!

Repara que tudo quanto ouvimos
Ou pensamos à margem da verdade,
Nem sequer fica o travo da saudade
A dar beleza a isto que fingimos!

Mentirmos, não! desmoraliza e mata;
E a nossa alma assim nem se retrata
Na sua própria imagem reflectida!

Disfarçar a razão de um sentimento
É retardar o encanto de um momento
Que pode ser o encanto de uma vida!

*

Eu quero lá saber que os outros dissessem
Que possuis as mais belas simpatias -
Se andei contigo e vi as cobardias
Do teu amor que a tantos apetecem.

De ti só recebi sensaborias;
E se as contasse e os outros as soubessem,
Talvez outro juízo te fizessem
Mais certo e menos rico em fantasias.

O teu feitio enerva e não constrói -
Porque só tens prazer em dar guarida
Ao cinismo que fere e que nos dói...

Detesto as tuas falas e os teus beijos,
- Mas daria o melhor da minha vida
Para te ver e ouvir nos meus desejos.

*

Casar, mas para quê se o casamento
Não significa o verdadeiro amor?
E se ele existe - seja como for,
Deixa de ser amor nesse momento.

Leva-se a vida, então, no sofrimento
De um conflito movido no torpor
Que amortece o respeito e esse pudor
Necessários ao lar e ao sentimento

Com pequenas e raras excepções
O homem e a mulher andam no mundo
Ao sabor das mais loucas sensações...

E mutuamente, embora não pareça,
Desejam ambos libertar-se a fundo,
Ou esperam que a morte os favoreça...

*

De ramo em ramo, as aves, a trinar,
Dão à vida esse fundo iluminado -
Onde os homens num olhar extasiado,
Mas incosnciente, ficam a cismar...

Saber ouvir a voz desse trinado
Como entender os cânticos do mar,
É ter no sangue o mesmo latejar
Desse mistério límpido e sagrado!

Floresce num motivo uma canção;
Mas por mais que ela diga o que sente,
O seu além tem curta duração...

Neste mundo, a sorrir ou a chorar -
Só o poeta, verdadeiramente,
Tem a missão divina de cantar!

António Botto (in " os Sonetos")




Não merece qualquer comentário!!!! Simplesmente perfeito!!!! LINDOOOOOOO!!!!

***=)

3 comentários:

Mim... disse...

ja sabes o que pensei quando li pela primeira vez este poema n sabes??" Epá esta pintaroleca esta a escrever bem!!!!ta inspirada sim senhor!!"
Qual nao foi o meu espanto quando chego ao fim do post e me deparo com uma situação de espanto e o caraças!!! :p Antº n sei kE???entao mas n foi a pintaroleca?? lool

É so pa dizer que eu sei que escreves muitíssimo bem e podia terte dado po momento poetico e teres escrito coisas assim...munto bunitas!! :D

É uma boa escolha, sim senhor!
Muito bom e nao merece qu aisquer comentarios!!(alias, isto nem é um comentario nem nada!:D )

Quero que continues com esta tua escrita fantástica, mesmo digna de uma fantastic three!!

keep...:D

muitos beijinhus
Marta,na esperança de saldar uma divida..!:D
TADOROOOO PORRA!

Mim... disse...

epá desculpa p erro mas foi sem kerer!!! ter-te!! :D é só pa saberes que eu sei escrever..tava era distraída! o quaisquer tb n percebo pk ficou assim dividido!

eheh
como eu sei k te revolves tda por dentro quando vês um erro de escrita, deixei aqui a minha "errata"!!

beijinhus***

Eva disse...

Ola sera possivel saber quem é o outor/a que escreveu este poema? Era muito importante para mim saber, se for possivel. Obrigada