domingo, outubro 29, 2006

Vai um fadinho?



-"Então diga-me lá como se chama."
-"Mariza com 'z'!"
-"Então Zariza cante-nos lá uma musiquélia!"


Silêncio que se vai cantar (ou já s cantou) o Fado!!!

A voz mais bonita do Fado!!!

***=)

quinta-feira, outubro 26, 2006

Latada - a decepção

Andei eu dias, semanas, meses, um ano, à espera que a Latada começasse e eis que ela se inicia e eu acabo o primeiro dia com um valente sentimento de decepção.:(
Começo por levar uma tampa da minha caloira (onde já se viu uma caloira faltar ao respeito a quem a apadrinha, ainda por cima para lhe fazer o favor de não passar o cortejo a vê-los passar): diz-me que vai a um jantar de curso a que eu não fui e acaba a jantar no mesmo sítio que eu onde finge que não me vê (vá-se lá entender estas miúdas que têm a mania que têm o rei na barriga).
Depois, por ser apenas a serenata, decidi não enjorcar. Além de querer manter-me sóbria num "evento" que assim o exigia (porque não me consigo manter calada com um avanço), tinha um carrito para levar até casa depois da festa acabada. Carta ainda há menos de um ano, portanto, provisória, so... com sérios riscos de ficar sem ela ao mínimo deslize.
Jantei num grupo de amigos e conhecidos, que a certa altura decidiram dividir-se e ver os outros beber. Cada uma com cara mais carrancuda que outra. Eu a vê-los passar (os finos), o tempo a andar, a diversão a passar-me ao lado.
Ainda assim, pensei que depois da serenata a coisa se recompusesse. Mas não!!! Seca ainda maior!!!!
Dei por mim a percorrer o caminho que vai das Físicas ao D. Dinis, sozinha, à procura de uma companhia que me acompanhasse (passo a redundância) numa noite que eu esperava ser de diversão e loucura. Ao fim de uma hora de passeio, dei por mim sozinha (muita gente à minha volta é certo, mas ninguém que me acompanhasse). Começo a perceber que me faltava a companhia de um fígado em destilação para me desinibir (detesto admitir, mas só com avanço me consigo divertir nestes meios, principalmente naquelas condições) e, assim, conseguir fazer "amigos entre os animais".
Ora, eram 2h20 da manhã e eu em casa, pronta para dormir, de trombil até ao chão e com a sensação de tempo perdido.
Como se não bastasse, Muse (os meus Muse, que eu tanto venero), vão estar no Campo Pequeno, para um concerto que desconfio que vai ser em grande, a loucura. E onde é que eu vou estar?! Em casa a vê-los passar. Maior desilusão que esta? Acho que não há..... enfim.....
Tenho esperança que esta Latada ainda melhore, porque a continuar assim, vamos ter ressabiamento o ano todo.
***:(

quarta-feira, outubro 25, 2006

Latada - a loucura começa=)


Sim, sim, sim!!!:D A tão esperada Latada 2006 começa hoje!!! Mais uma semana de loucura nesta Coimbra linda dos estudantes. Finalmente Coimbra renasce!!!
Festa, festa, festa!!!!:D Nós queremos é festa, rambóia e Quim Barreiros!!! Enaaaaaaaas:D
Quim!!! 3ª feira lá estou em baixo só para te ver.....
E sai um FRA cheio de pujança, cagança e espírito académico!!!
***=)

segunda-feira, outubro 23, 2006

Baby Love


Ooh baby love, my baby love
I need you, oh how I need you
But all you do is treat me bad
Break my heart and leave me sad
Tell me, what did I do wrong
To make you stay away so long

'Cause baby love, my baby love
Been missing ya, miss kissing ya
Instead of breaking up
Let's do some kissing and making up

Don't throw our love away
In my arms why don't you stay
Need ya, need ya

Why must we seperate, my love
All of my whole life through
I never loved no one but you
Why you do me like you do
I get this need

Ooh, ooh, need to hold you
Once again, my love
Feel your warm embrace, my love
Don't throw our love away
Please don't do me this way

Not happy like I used to be
Loneliness has got the best of me
My love, my baby love
I need you, oh how I need you
Why you do me like you do
After I've been true to you
So deep in love with you


Diana Ross


Perante isto sabem o que me apetece fazer?! RIR!!!

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL:D

***=D

domingo, outubro 22, 2006

"French Kiss"


A beleza que muitas vezes procuro nas comédias românticas não passa pela lamechice, pela vontade de chorar lagrimetas de alegria (por estar apaixonada) ou de tristeza e resignação (por estar só no campo do Amor), passa sim pela grande intenção de encontrar frases bonitas, metáforas que nos fazem pensar, palavras simples usadas de forma complexa, inteligente e poética.
"French Kiss" é mais uma comédia romântica, mais uma que faz parte do rol de filmes que vejo over and over again sem me cansar.
Deixo-vos com duas frases de que gosto muito:
-"I can understand that. I mean, you can disconnect from everything but a kiss. A kiss is so intimate - two people's lips together, their breath a little bit of their souls... I just meant that a kiss is where the romance is."
-"You say that now, but after a time you would forget. First you would forget his chin, and his nose and after a while you would struggle to remember the exact colour of his eyes and one day you wake up and he's gone. His voice, his smell, his face. He will have left you and then you can begin again."
***=)

quinta-feira, outubro 19, 2006

I'll keep searching...

A few questions that I need to know:how you could ever hurt me so? I need to know what I've done wrong and how long it's been going on.
Was it that I never paid enough attention?Or did I not give enough affection?
Not only will your answers keep me sane but I'll know never to make the same mistake again.
You can tell me to my face or even on the phone, you can write it in a letter, either way, I have to know.
Did I never treat you right? Did I always start the fight?
Either way, I'm going out of my mind all the answers to my questions I have to find.
[...]
You got my conscience asking questions that I can't find
I'm not crazy!!! I'm sure I ain't done nothing wrong!!
[...]
I'll keep searching deep within my soul for all the answers.
Don't wanna hurt no more.
***

Se não têm vida, arranjem uma!!!

Eu ainda gostava de saber quem foi a cabecinha de alho chocho que andou a meter nas outras cabeças de vento a ideia de que um repetente tem alguma doença contagiosa. Não há pachorra nem para comentários do tipo: "não te esforçaste!!! não tens vergonha?!" ou " blhac(esgar de nojo) repetente?!". E isso de associar chumbos ao facto de se ter andado a laureara pevide o ano todo já se está a tornar lugar comum.
Isto tudo, porque hoje me dirigi aos serviços do BEDEL (uma coisa que deveria abrir às 10h, mas abre às 10h30 e fechar às 12h, mas às 11h30 já está em pré-encerramento), para a fazer a simples pergunta: "como repetente sou obrigada a assistir às aulas práticas de Biofísica? E preciso de me inscrever?". Pergunta simples, exige resposta simples, sem floreados, nem comentários. Mas não!!! As pessoas gostam muito de meter a colher!!! Começo por ser atendida por um monte de esterco de uma mulher que se achou no direito de dizer "Repetente?! Blhac!!!"; calei-me, com uma boca mesmo na ponta da língua que acabou por ser engolida em seco, não fosse eu arranjar chatice e, além do mais, o interesse de resolver o assunto era meu. Como se não bastasse fez questão de subir o tom de voz, para que todos soubessem que eu chumbei (e chumbei sim, admito que negligenciei o estudo, mas só a mim e aos meus pais diz respeito esse chumbo e consequências).
Dá-me um raspanete por ainda ir perguntar se preciso de ir às aulas: "É claro que deves ir!!!". Ora se eu já soubesse disso não tinha ido perguntar!!!
Depois de muitos "insultos" e de muitos sapos engolidos, eu tento acabar, na medida do possível, calma e sem grandes alaridos ou respostas mal dadas, de menina mal educada (se bem que depois daquilo só me apetecia mandá-la à merda), e pergunto em jeito de terminus: "Sendo assim, para assistir às aulas é só preciso inscrever-me e não preciso de mais nada, certo?" ao que ela ainda se digna a responder: "Ai precisas, precisas, de estudar e ver se passas o ano, porque senão falo com os teus pais!!!". MINHA SENHORA (que nem a 4ª classe deves ter!!!) e merda aos baldes por essa boca abaixo não?! Mas desta vez não me calei e disse-lhe: "Não se preocupe que eu falo com eles todos os dias!!!". Dei meia volta e saí.
Oh por favor!!! Caso não saiba, tenho 20 anos. E apesar de este ano ter chumbado por criancice e irresponsabilidade (admito) já não tenho (e aliás nunca tive) o hábito de esconder nada aos meus pais!!!! Além do mais, como ia esconder dos meus pais uma conta de 900 e muitos euros a mais no final dos 6anos que este curso encerra?!
Se há coisa que detesto é que me tentem dar educação (sem ser os meus pais). Se umas vezes o fazem por bem, outras há que o fazem para humilhação de terceiros!!! E se nem os meus pais me fazem o ar nojo (apesar de encerrarem dentro de eles uma tremenda decepção) não vai ser uma pessoa que vejo, provavelmente, e a exigir muito, uma vez por ano!!!! E depois, se há pessoas que chumbam por serem cábulas, há outras que até tiveram azares e cuja vida até se complicou. No meu caso foi um misto, mas isso não dá o direito A NINGUÉM de me criticar pelo que quer que seja!!
Arranjem uma vidinha e preocupem-se com ela!!!

***=\

quarta-feira, outubro 18, 2006

You're Immortal in my mind

if you have to leave

I wish that you would just leave

'Cause your presence still lingers here

And it won't leave me alone

[...]

This pain is just too real

There's just too much that time cannot erase

[...]

You used to captivate me

By your resonating light

Now I'm bound by the life you left behind

Your face it haunts

My once pleasant dreams

Your voice it chased away

All the sanity in me

I've tried so hard to tell myself that you're gone

But though you're still with me

I've been alone all along

(Evanescence, in "My Immortal")

Please tell me: are you really gone?

***

segunda-feira, outubro 16, 2006

Forcados

Neste dia tristonho, em que a chuva é rainha, deixo este vídeo para animar as hostes. Vejam, riam-se e aliviem o stress de 2ª feira.

***;)

sábado, outubro 14, 2006

Mais uma questão de moral?

O assunto “Eutanásia” nunca fez parte do meu rol de preocupações. No entanto, desde há uns meses para cá que esta questão me assombra. Não porque esteja directamente confrontada com ela, mas porque no exame de uma cadeira (a que, por acaso, na altura não passei) pediram a minha opinião sobre o assunto. Confesso que me assustei, porque nunca me vi confrontada, muito menos num exame, com uma questão sobre a qual não tinha opinião e, muito menos, na qual nunca tinha perdido tempo a pensar. Além do mais, como cidadã, pessoa e futura profissional de saúde, gostaria de ter uma opinião formada sobre o assunto. Mais cedo ou mais tarde, “nós” médicos seremos chamados a praça pública para emitir a nossa opinião relativamente a mais uma questão de moral, que confesso ser uma opinião que não tenho, mas que na altura vou querer ter.
Ora, para o efeito tenho lido, pesquisado, tenho assistido a diversos filmes, documentários, reportagens sobre o assunto. Tenho bastante informação sobre isso, no entanto, a opinião está a custar a sair.
Neste momento, a única coisa que consigo opinar sobre a eutanásia está baseada nos princípios éticos e deontológicos da profissão médica que aprendi este ano. São conceitos, regras e princípios que eu assimilei e vou assimilando, mas tendo em conta que o ser humano, o doente é dono e senhor da sua vida, ciente do que faz e consciente e capaz de defender os seus direitos. Confuso?! Nada!!! É como está a informação na minha cabeça: desarrumada!
Ora, segundo o juramento Hipocrático, “a vida que professar será para benefício dos doentes e para o meu próprio bem, nunca para prejuízo deles ou com malévolos propósitos; Mesmo instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei...”, ou seja, o médico deverá procurar sempre assegurar a vida do doente. No entanto, este juramento foi feito (e apesar de continuar a ser prática importante para os finalistas do curso de medicina) numa época em que o médico era Deus na terra, ou seja, o médico agia com as mãos de Deus, curava, e a sua acção era inquestionável. Mas hoje em dia, as coisas mudam: o doente é “personagem” importante no tratamento e na cura; o médico é apenas o interlocutor, o informador, o orientador.
Hoje, a prática médica baseia-se em princípios importantes como o da beneficência (prática do bem) e o da não-maleficência (não praticar o mal no doente, propositadamente), que permitem ao médico promover a saúde do doente, aliviar dor e sofrimento, mas que o impedem de causar danos no doente, muito menos com intenção. Mas faz também parte da prática médica, procurar manter e respeitar a dignidade humana. O doente deve ter direito à autonomia, deve poder participar na sua cura tendo por base o consentimento informado, ou seja, o doente e a sua opinião deverão ser SEMPRE RESPEITADOS.
Atentando nestes pontos, e partindo do princípio que só isto interessava, poderia dizer “sim, sou a favor da eutanásia”, mas isto é tão complicado e envolve tantos princípios, tanta moral, tanta coisa, que ainda se torna complicado.
Sinceramente, penso que cada um tem o direito a decidir o que quer para si e, se o doente acha que a vida que leva já não é digna, então poderia decidir pôr termo à sua vida. Mas há outras questões que se alevantam, nomeadamente:

1) As pessoas não querem sofrer, logo em momentos de sofrimento pedem para que este acabe, nem que isso implique a morte. O que me leva a pensar que a pessoa deveria decidir o que fazer numa situação limite, antes de estar nessa situação, mas para isso existem os testamentos sobre a vida, em que o médico, respeitando instruções expressas e prévias do doente não inicia meios extraordinários de manutenção das funções vitais nas situações previstas pela pessoa em documento escrito. No entanto, só quando estamos nelas é que sabemos como reagimos, o que queremos, o que fazemos. E quem me garante que numa situação extrema não decido lutar? Além do mais, estes testamentos sobre a vida são mais aplicados a pessoas que iniciam tratamentos que levam à degradação da vida, e a doentes crónicos. E aquelas pessoas que ficam incapacitadas por obra do acaso e infelicidade?! Não andamos todos os dias a pensar no que decidia se ficasse tetraplégica daqui a 2horas, pois não?

2) Nem tudo são estados definitivos. A velha questão: não acredito em milagres, mas eles existem.

3) Depois, a generalização desta questão, pode cair em problemas éticos e jurídicos piores.

4) A “decisão” de quem está ou não suficientemente ciente do que decide para si é feita por quem? É credível?


Enfim, continuo confusa, continuo sem opinião formada. Eu sei que faz parte do papel do médico proporcionar uma vida digna ao doente, tentar cessar dor e sofrimento. Mas estará nas mãos dele, acabar com uma vida?
Opinem, preciso de ouvir opiniões, para poder formar a minha. E peço desculpa pelo alongamento que este post acabou por levar, mas exprimir uma opinião em meia dúzia de palavras nunca foi comigo,principalmente quando reina a confusão de ideias.
***=)

domingo, outubro 08, 2006

Fecho ou não a porta?!

Eu sou da opinião de que para se enfrentarem novas fases, é preciso que portas se encerrem. Deixar morrer um passado, não no sentido de o apagar, mas arrumando-o no devido armário da nossa consciência para que mais tarde, de uma forma ou de outra, nos possa vir ajudar a enfrentar uma qualquer nova situação que se nos apresente.
Ora, assim sendo, enquanto nos mantivermos presos a um passado que por mais que perfeito que tenha sido, que por mais feliz que nos tenha feito, mas que neste momento apenas nos deixa confusos e estagnados, não vamos conseguir nunca sair da sepa torta.
Confesso que a minha vida neste momento está toda virada do avesso. Parece que veio um terramoto, um furacão, depois um maremoto e ainda umas chuvas intensas que me deixaram o espaço que a minha vida ocupa todo desarrumado. Perdeu a configuração de "casa arrumada" para passar a ser um "pardieiro". No entanto, "life goes on"!!!! E eu bem quero pôr esta vida a andar e, de preferência de perninhas no chão, antenas no ar, alerta para tudo o que seja bom e mau, de antibiótico tomado (para não adoecer mais uma vez) e com a plena consciência de que neste momento, há que arregaçar mangas e pôr esta vida de novo na rota, desviá-la da rota de colisão com a desgraça, pondo-a no caminho da luz.
Mas preciso, URGENTEMENTE, de me libertar de um tal passado mais que perfeito, mas que neste momento apenas me permite estar presa a ele, de cordas bem apertadas. Um passado, que neste momento, não serve para mais do que me distrair, ajudar à estagnação, confundir-me e magoar-me demais. Eu disse que estava disposta a lutar pela renovação desse passado; e, confesso, estou.Estou determinada a ser feliz. Mas para isso, preciso de saber uma mão cheia de coisas, nomeadamente: se vale a pena (porque isto de nadar em seco não é comigo), preciso saber se sou só eu a interessada, preciso saber que rumo seguir, e preciso saber se não vou andar a fazer figurinha de parva atrás de uma coisa que me foge!!!
Quero mesmo muito ser feliz. Quero mesmo muito aplicar-me naquilo que me alicia (e não andar a trabalhar para uma coisa que só me traz enfado). Quero, no fundo, poder olhar para o passado e para o presente e poder dizer: "Estou satisfeita! Fiz o que queria. Fiz tudo o que podia! Está na hora de fechar esta porta!!", mas se continuam a abrir a porta que eu fecho atrás de mim; se depois de aberta, me continuam a chamar para espreitar o que se passa de novo na sala que fechei; e se quando lá chego me fecham outra vez a porta no nariz com tanta força que até dói, sinceramente assim não vamos (vou) a lado nenhum!!!!
Fechem-se, então, as portas do passado que têm de ser fechadas, e abram-se as portas que interessam abrir no futuro.
***

quinta-feira, outubro 05, 2006

Ser incompleto que somos


O viver humano, contrariamente ao existir animal, leva-nos inevitavelmente à questão "Quem sou eu?".
Não podemos dar ao ser humano uma definição única e definitiva, já que este é, por natureza, um ser inacabado e a incompletude constitui a sua própria essência.
Incompletude, inacabamento, inespecialização, fragilidade: eis a razão da nossa fraqueza, mas, simultaneamente, da nossa excelência enquanto humanos.
Confrontado com outros seres vivos, do ponto de vista biológico, o ser humano é, à partida, o mais indigente dos animais. Desprovido de alguns instintos elementares, não se encontra perfeitamente adaptado ao meio natural, necessitando de um alargado período de amadurecimento para atingir a idade adulta de forma mais ou menos independente (pois ele necessitará sempre dos outros para viver humanamente). Os outros animais, por seu lado, inserem-se de forma quase perfeita e acabada no meio natural e o seu período de maturação é bastante rápido.
Esta compleição indigente coloca nas mãos do Homem o seu próprio destino. Cada um de nós, porque não está perfeitamente adaptado, possui em si a liberdade de se construir como pessoa. Aliás, esta é a tarefa vital à qual nenhum ser humano se pode escusar: a construção de si mesmo.
Enquanto "feixe de possibilidades" e abertura, cada ser humano confronta-se com múltiplos caminhos que poderá trilhar e, ao optar por uns rejeitando outros, configura-se como pessoa, construindo a sua identidade pessoal. O Homem é, então, o resultado de escolhas que fez e o resultado daquilo que experienciou.
É a experiência que nos dá conhecimento (derivado da observação e prática) das "coisas da vida", e é a vivência de uma experiência (individual ou colectiva) aquilo que nos torna sábios.
Deverá, então, o ser humano viver em experiência, boas ou más, escolher caminhos, bons ou maus, vivendo em comunhão com outros que, como ele, experimentam e escolhem e, como ser dependente, deverá "servir-se" dos outros para se maturar.
Mas esta maturação deveria, a meu ver, ser pausada e pautada por tempos de reflexão mais ou menos longos. No entanto, muitas das vezes vivemos tudo ao mesmo tempo, com todas as pessoas ao mesmo tempo em plena orgia de experiências e, no fim, o que fica? Provavelmente e normalmente a maceração, a confusão, a desilusão, o falhanço. Porque por mais que se queira, não conseguimos aprender tudo ao mesmo tempo, ou pelo menos aprender tudo o que seria suposto.
***

quarta-feira, outubro 04, 2006

Uma passagem para a Morte

Em todas as cidades há um lugar aonde não chega a vida e todos os dias se morre. É nesses espaços que se encontra o verdadeiro significado da palavra miséria, onde se vive uma imensa tragédia, e é onde centenas de toxicodependentes procuram uma certa forma de suicídio colectivo.
Estes espaços são sobrevoados por um ar pesado. Talvez uma sombra que nos impede de respirar fundo, talvez um olhar vazio de quem tem a vida presa por um fio. E não há nada que nos permita entender o que faz alguém deixar-se descer ao grau zero da condição humana.
É ali que eles esquecem que um dia tiveram um passado, esquecem muitas vezes porque ali estão, porque o que realmente importa é a droga, o Deus que governa estes seres perdidos numa sociedade que eles entendem não os compreender, uma sociedade que, ela própria não percebe como se consegue enveredar por estes caminhos, esquecer-se de quem se é, de quem se foi. A verdadeira preocupação destes seres humanos é apenas a droga, porque ela não deixa que nada de mal aconteça, é o milagre que apaga os seus problemas, que os ajuda a esquecer. È o caminho que eles escolhem para fugir a uma realidade que não desaparece. Pensam eles conseguir afastar os problemas, até mesmo resolvê-los, mas a verdade é que eles permanecem, não fogem, ficam ali, sempre, à espera que eles um dia caiam na realidade. A droga apenas os ajuda a deturpar uma realidade que lhes dói, tornando-a mais aceitável e tolerável.
O mais triste desta devoção, é que tudo gira à volta desta Deusa. Acordam a pensar nela, na maneira de a conseguirem ter para eles. Tudo serve para fazer negócio e arranjar dinheiro para a droga: o corpo, um filtro de cigarro, seringas usadas ou por usar, tudo..... Ali só a droga importa. Uma vez na sua posse, o toxicodependente apenas pensa em engendrar uma forma de lhe dar uso e, assim, apagar por umas curtas horas a realidade que não quer ver.
Para esta “vida” são arrastadas famílias.... os pais, inconscientes daquilo que fazem, muitas vezes por saudades ou por não terem com quem deixar as crianças, obrigam-nas a assistir a tudo aquilo, aprendendo tudo aquilo que os pais fazem, aceitando tudo aquilo que vêem como um acto normal. São crianças que deixam, desde cedo, de conseguir discernir o correcto do errado, o bem do mal.
Este, por muito que queiramos que não seja, é um flagelo das sociedades ocidentais. Assombra-nos. Atinge-nos. Muitas são as soluções apontadas para uma tentativa de resolução, no entanto, penso que nenhuma delas consiga resolver o irresolúvel.
O mundo da droga tem as suas leis, tem os seus “princípios”. É um mundo de porta abertas para entrada, de entrada livre, mas de saída limitada. Uma vez neste mundo, dificilmente se consegue sair. É um mundo regido por leis de escravatura, que consome a vida, a alma, a personalidade de qualquer um. É um campo de concentração em que aqueles que entram deixam de ser unidade, passam a ser mais um número. Vestem todos o mesmo, não se distinguem. Esquecem tudo o que deixaram à porta e não começam do zero, mas rumam em direcção a ele. Vivem em contagem decrescente.
Um dia sonhei vir a ajudá-los, mas sinto-me impotente. É impossível conseguir ajudar quem não quer. É impossível ajudá-los sem entrar no mundo deles, sem os compreender. Interessei-me pela condição deles. Fui uma defensora dos seus direitos como seres humanos. Defendi que eles deveriam ter possibilidades de se integrar na sociedade e no mercado de trabalho. Mas hoje acredito que seja difícil.
Um dia, um professor meu, médico, disse que os toxicodepedentes não mereciam nada daquilo por que muitos lutavam em nome deles. Eles são indivíduos que morrem na sociedade. Em nada contribuem para o seu desenvolvimento, para a sua evolução. Existem para desestabilizar uma normalidade sensível. E, no entanto, nos hospitais passam à frente dos outros doentes. Uma vez lá, geram conflitos com os médicos e restantes profissionais de saúde que ao tentar ajudá-los descuram o tratamento de doentes que merecem a atenção destes profissionais, porque eles sim contribuem para o avanço deste país........
Este é um assunto que me confunde. Muito. Não sei o que defender. Não sei que posição tomar. Não encontro soluções para nada disto. É tudo uma “máfia”. Fazem o que querem. Têm o mundo na mão. E nós, nada podemos fazer. Poderíamos fechar os olhos ao que nos rodeia. A mim parece-me o mais fácil fazer (é isso que faço, porque não consigo compreender como combater este monstro), mas a verdade é que por muito que fechemos os olhos e por muito que queiramos ignorar, a verdade é que o monstro vai estar sempre debaixo da cama, à espera que alguém ponha o pé a descoberto, para nos puxar e não mais nos libertar. A verdade é que tenho medo do rumo que isto possa tomar. Tenho medo de eu própria ser atingida por isto......porque como uma vez disseram: “ela é heroína e por algum motivo tem esse nome: não há ninguém que a bata!

terça-feira, outubro 03, 2006

Meet Joe Black

PARRISH:"Trust, responsibility, taking the weight, for your choices and feellings and spending the rest of your life living up to them. And above all, not hurting the object of your love."

JOE:"So that's what love is?"

PARRISH:"Multiply it by infinity and take it to the death of forever and you will still have barely a glimpse of what I am talking about."

Só para que não digam que eu só gosto de coisas estranhas. Este não faz parte do tipo de filmes que mais gosto de ver, mas é sem dúvida, um filme que consegue puxar a minha lagrimeta, pela intensidade das palavras, das acções, do ímpeto que cada actor (escolhas perfeitas neste campo) impõe à sua personagem.

Cenas arrepiantes; cenas muito bem dirigidas e representadas, banda sonora espectacular, metáforas mais que perfeitas. Gosto mesmo muito. E aconselho vivamente até mesmo aos corações mais frios, até mesmo àqueles que não gostam de filmes lamechas como eu. Este de lamechice tem pouco, acção pouca tem, mas aos "poetas" e apaixonados (também pela vida e pelas palavras) este filme diz muito.

Só mesmo para actualizar isto

***