Memória vs Esquecimento

Quem estudou Psicologia no 12º ano vai, concerteza, perceber aquilo de que vou falar hoje.

Ora, este post de hoje, surge depois de toda uma reflexão sobre a memória, o esquecimento a ela inerente e o valor que queremos ou não dar às experiências e vivências de toda uma vida.

Pois bem, ainda hoje me lembro e dificilmente esquecerei o que a minha professora de Filosofia me disse no meu 10º ano: "Quando estamos prestes a adormecer, passam-nos na cabeça toda uma série de momentos que vivemos nesse dia. E sabem porquê? Porque de uma forma ou de outra foram importantes para nós!". De facto, desde então passei a lembrar-me disso todas as noites e quando esse filme me passa na cabeça e vejo que há situações,às quais no momento não liguei, apercebo-me de que somos um bicho muito complexo e que até as coisas mais insignificantes têm a sua importância na nossa vida.

No 12ºano, em Psicologia, aprendi que à memória encontra-se inerente o esquecimento, na medida em que se torna humanamente impossível reter todas as informações que recolhemos na vida e, portanto, torna-se urgente deixar alguns conhecimentos fugir (esquecimento) para deixar que novos entrem. Não acho que este seja um conceito difícil de assimilar, mas vejam um exemplo simples e básico que ocorre em toda a nossa vida: quando temos vivências boas e más, damos sempre valor a uma delas. As pessoas mais pessimistas e derrotistas, darão mais valor às más, mas as pessoas mais optimistas dão primasia às boas vivências.

Eu tenho uma teoria relativamente a isto, talvez porque me fartei de guardar más memórias e me cansei de me magoar; mas acho que devemos trazer sempre em primeiro plano as experiências positivas, que nos trouxeram a vida, a alegria, a vontade de viver e de continuar a passar um dia para ver o que nos espera no próximo.

Penso também que as experiências más deverão ocupar um segundo plano, na medida em que elas, apesar de também terem um papel importante na nossa vida, não interfiram nas nossas vivências de uma forma negativa.

E agora perguntam: e porquê um papel importante?

Pois bem, eu defendo que as más experiências servem apenas para assumir um papel idêntico à das células-memória do nosso sistema imunitário(e é agora que algumas pessoas se riem;)), ou seja, elas deverão ter a sua importância no momento, quanto mais não seja só para nos fazer sofrer, de forma a criarmos anti-corpos que vão combater os organismos patogénicos do momento; mas depois disso, elas alojam-se e escondem-se na nossa memória. Não dormem, nem esquecem que existem, mas estão sempre à espera que surja uma nova "infecção". Ou seja, as más vivências só assumem um papel importante, quando estamos perante experiências com um nível infeccioso idêntico ao que deu origem às tais células-memória(confuso?! nada!!!), de forma a que possamos, imediatamente, desencadear todos os mecanismos de defesa, para que o nível de infecção não seja tão grande.

Assim, há que dar o devido valor às coisas. Mas nunca, em situação alguma, uma valor acima do merecido! Portanto, deixem que sejam as coisas más da vida a assumir o papel de células-memória e às coisas boas dêem-lhes o valor da poção mágica da vida!!!!

Sejam felizes!!! Na vida há de tudo!!! O que seria de nós sem as suas barreiras?! Temos de aprender que a vida não é só uma estrada em linha recta e sem montanhas. Há montes, vales e curvas em todo o lado. Só temos de aprender a guinar o volante com a devida suavidade, para não descarrilar. E lembrem-se que assim como há limites de velocidade nas estradas, também os há na vida. Por isso, respeitem-nos e vivam ao sabor da corrente. Se formos devagar não andamos, se formos depressa, não conseguimos apreciar a paisagem. Portanto, se respeitarmos os limites de velocidade, podemos desfrutar da beleza da vida no seu tempo e no seu espaço!!!

***=)