domingo, dezembro 31, 2006

Refilice final

E para terminar o ano em beleza, aqui vai mais uma revolta dos pastéis de bacalhau.
Ora, como não poderia deixar de ser, vou falar de um dos mitos urbanos (que de urbano tem pouco, de mito infelizmente muito menos): o desaparecimento de apontamentos nas fotocopiadoras da FMUC (para os leigos:Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, também tida como República das(dos) Bananas cá do sítio).
Pois muito bem, estamos a menos de um mês do início da época de exames e com um semestre quase decorrido, 3 ou 4 aulas práticas de Biomatemática, que exigem folhas de exercícios e essas folhas são fantasmas na fotocopiadora onde deveriam ser deixadas assim como outro tipo de documentos necessários ao estudo (fantasmas, porque não existem, mas que os há, lá isso há, só não sabe onde).
Pois que já é a 3ª vez que me dirijo aos serviços da "S textos" à procura das tão necessárias folhas para prosseguir o meu estudo e para acompanhar as aulas e das 3 vezes que lá fui foi-me dito o mesmo: "Não há nada!!! Já muitos alunos as vieram procurar, mas aqui ainda não chegou nada!!!".
Juro que isto me tira do sério, porque já estive com pessoas que as têm e que já as apresentaram nas aulas e eu não as consigo ter. Ao que vocês perguntam: "Mas oh pintarolas, porque é que não as pedes a essas pessoas?!", ao que eu respondo: "Porque também esses têm medo que lhes coma a tinta das folhas ou que se gastem!!!".
Sinceramente, naquela faculdade anda meio mundo a tentar foder o outro meio. E não vejo necessidade aparente para o fazerem!!! Porrinha!!! Já entramos, já lá estamos, estamos todos para o mesmo, queremos todos trabalhar, e ainda não há uma taxa de desemprego avultada nesta área, para andarmos a tentar roubar o trabalho uns dos outros!!!
A juntar a isto tenho outra reclamação a fazer. Pois que na última aula prática, na semana que antecedeu o Natal, fui eu toda lampeira para a aula, que habitualmente acontecia à 3ª às16h e dou literalmente com o nariz na porta. E porquê, perguntam vocês. Ora, porque as meninas caloiras (só podia) da minha turma, decidiram mudar a aula, para poderem ficar com essa tarde livre e assim irem mais cedo para as suas santas terras, e não avisaram a turma toda (pelo menos a mim não chegou qualquer aviso). Como se não bastasse, a aula já tinha acontecido, no dia anterior, e eu levei com uma bela falta que, em princípio não terá justificação (isto se eu não armar um pé de vento).
Por acaso encontrei uma professora (tida como a central eléctrica da faculdade, de quem todos falam mal e têm medo) que, tão gentilmente me dirigiu a uma outra turma. O professor dessa mesma turma (de quem muitos também têm medo- é só medo a inundar aquelas mentes) muito gentilmente convidou-me a participar na aula dele. Devo dizer-vos que há males que vêm por bem, e não fosse mesmo o facto de ter falta, aquela aula tinha sido das melhores que tive este ano, aprendi muito mais do que com a minha professorinha e o professor foi espectacular que fez o favor de me vir perguntar com alguma regularidade se tinha dúvidas e de me oferecer mais alguns exercícios extra para ir resolvendo enquanto os caloiros resolviam os deles.
E agora digam-me, isto é normal?! E se é, sou a única deficiente de olhos abertos e espírito de revolta naquele estaminé?!
Não cresçam, não, que também não precisam!!! Elitistas duma porra!!!
***
(Peço desculpa pelo post, um pouco atabalhoado, mas o avançado da hora já pôs oTico e o Teco a dormir, de maneiras que pensar e elaborar frases e textos bonitos e bem redigidos está de gesso. De qualquer forma, fica a intenção e a Revolta dos Pastéis de Bacalhau como foi prometido ontem).
Depois disto, um Bom 2007!!! Entrem com o pé direito, mas não se esqueçam do esquerdo em 2006. Para facilitar: entrem com os dois pés.

sábado, dezembro 30, 2006

Notícias para a Pinha

Ora este post vai directamente para a minha Dra Pinha que, hoje em conversa estúpidas acabou a nadar em seco, quando num acto de pura irracionalidade tivemos um acesso de bom comportamento, seriedade e inteligência e veio à baila o caso do "Osso da Baleia". Pois que fica aqui para ela uma breve dissertação e um spot informativo sobre a questão. Tudo isto, porque este blog é tido como um blog informativo e para intelectualóides (?!).
Aparentemente levava uma vida normal, mas lá no fundo remoía ódio pelas mulheres – como se elas fossem culpadas do mal, do pecado e do vício que conspurcavam o mundo.
“Vou tentar assassinar de forma brutal duas ou três raparigas e em seguida as minhas filhas”– escreveu ele no seu diário.
No dia 1 de Março de 1987, Vítor Jorge acordou disposto a cumprir o que se propunha. Arredondava o salário do banco com um ‘hobby’ de fim-de-semana: era fotógrafo de casamentos e baptizados. Naquele sábado deixou a mulher, as duas filhas e o filho na espaçosa vivenda da família, nos arredores da Marinha Grande, e disse que ia fotografar um aniversário – por sinal, a festa de anos da amante. Levou a mala com o material fotográfico e escondeu na carrinha Renault 4L branca uma caçadeira e uma faca de cozinha.A aniversariante tinha convidado mais quatro amigos. A festa terminou pouco antes da meia-noite. Vítor Jorge ofereceu-se para levar a casa os dois casais amigos da amante. Sugeriu que de caminho fossem ver o mar à Praia do Osso da Baleia e insistiu com a amante para os acompanhar. Esta ocupou o banco da frente da carrinha, os outros apertaram-se atrás e abalaram para a morte.
O areal iluminado pela lua cheia tinha cor de prata. O mar rebentava na praia. A amante e os amigos estavam eufóricos. Um deles, segundo Vítor Jorge contou em Tribunal, propôs um sessão de sexo em grupo e ele ficou transtornado: foi ao carro e regressou de caçadeira e cartuchos nos bolsos.O primeiro tiro apanhou José Pacheco. O segundo atingiu Leonor (a amante). Vítor Jorge carregou a arma e disparou contra Luís Miguel e Maria do Céu. Meteu mais dois cartuchos na caçadeira e alvejou Isabel Maria.
Nunca se soube se as vítimas da chacina morreram em consequência dos tiros: o médico legista não conseguiu determinar as verdadeiras causas da morte. Vítor Jorge encontrou um pau na praia e bateu furiosamente nos corpos. A seguir, esfaqueou-os a todos – repetidamente.Vítor meteu-se na carrinha e chegou a casa cerca da uma da manhã. Acordou a mulhe e contou-lhe uma história: disse-lhe que tinha atropelado um homem e pediu-lhe para o acompanhar ao local do acidente.
O marido levou-a de carro para um pinhal, em Amor, nos arredores da Marinha Grande, onde a matou com quatro facadas nas costas.Estava escrito, pelo seu próprio punho, que mataria as filhas. Estava sedento de sangue – por o sangue derramado pelas mulheres havia de limpar os males do mundo. Regressou a casa e acordou a filha mais velha então com 17 anos. Contou-lhe a mesma mentira do atropelamento e, com voz doce, pediu-lhe ajuda para socorrer o homem que tinha atropelado: ela que se vestisse, sem barulho, para não acordar a família, e o acompanhasse. No mesmo pinhal de Amor, desferiu-lhe cinco golpes com a faca.Vítor Jorge, exausto, ainda encontrou forças para voltar a casa. Obrigou a filha mais nova, de 14 anos, a sair da cama. A menina, ensonada, acompanhou o pai – que a levou para o pinhal. Ela ouviu os gemidos da irmã, em agonia, ferida de morte. Fugiu em pânico. O pai correu atrás de faca na mão – mas caiu vencido pelo cansaço. A pequena correu pela estrada. Perdeu-se. Foi encontrada de manhã.
Não há memória em Portugal de uma coisa assim. O que terá levado este homem, até aí um pacato bancário, a enlouquecer ao ponto de ceifar sete vidas – entre elas a da mulher e da filha? Nunca pensou em molestar o filho de onze anos. Fermentava no homicida o ódio contra as mulheres – todas as mulheres, fontes de pecado.
Vítor Jorge só foi encontrado ao fim de quatro dias. Uma patrulha da GNR encontrou-o, faminto e a tremer de medo, escondido no antigo celeiro da avó materna.Durante o julgamento, no Tribunal da Marinha Grande, Vítor Jorge confessou os crimes, pediu para ser internado para o resto da vida e alertou para o perigo de um dia matar mais gente. Os juízes não o ouviram. Nem sequer ligaram à opinião de uma equipa de três médicos liderada pelo professor Eduardo Luís Cortesão, um sábio da psiquiatria – que o considerou de “alto risco para a comunidade”. Condenaram-no como um vulgar criminoso.
E aqui está a história horrenda da tão famosa chacina.
Epá sei que não fica bonito, ainda mais numa altura tão linda (?!) como esta estar a publicar coisas destas, mas é para o bem da cultura da minha Pinha.
Amanhã prometo escrever outra coisa, porque agora dizem que é tarde e o João Pestana já chegou para me levar a dormir. Fica só uma dica: amanhã é dia de refilice, por isso cá estará um post que tem por base mais uma revolta dos pastéis de bacalhau e dos Cheetos Futebolas.
***

quarta-feira, dezembro 27, 2006

A Lenda de Pandora

Sou pouco dada a lendas e crendices, mas encaro estas estórias do oculto como verdadeiros contos para crianças que tanto gostava de ouvir em pequena.
A Lenda de Pandora é, talvez, a que mais gosto, não pela magia que nela se encontra, mas pelo final a que se pode aplicar uma frase muito usada (e abusada) por todos nós!!! Tudo isto, porque gosto de saber o porquê de certas palavras (qual a sua origem etimológica) e o porquê de certos termos, frases e ditados. É giro cultivarmos o nosso intelecto!!!
Segundo a lenda grega, Prometeu criou o homem a partir de argila e roubou a chama sagrada de Hélio (Deus Sol) para lhe dar o sopro da vida. O intuito era o de criar um ser que ajudaria a cuidar de sua mãe Gáia(Terra). O homem era também imortal e assexuado, reproduzindo-se de forma rápida.
Zeus ordenou que Prometeu fosse preso e condenado a ficar acorrentado no alto de uma montanha, onde todos os dias um corvo gigante iria comer-lhe as vísceras que seriam regeneradas à noite, ficando fadado a sentir dores por toda a eternidade.
Mas antes deixou uma caixa contendo todos os males que poderiam atormentar o homem com o seu irmão Epmeteu, pedindo-lhe que não deixasse ninguém aproximar-se dela.
Entretanto os homens começaram a desvastar a Terra e, a fim de castigá-los, os deuses reuniram-se e criaram a primeira mulher, que foi batizada como Pandora e que estava incumbida de seduzir Epmeteu e abrir a caixa.
Naquela época os deuses ainda não moravam no Olimpo mas em cavernas. E, assim, Epmeteu colocara duas gaiolas com gralhas no fundo da caverna e a caixa entre elas. Caso alguém se aproximasse, as gralhas fariam um barulho insuportável, alertando Epmeteu.
Seduzindo-o, Pandora conseguiu convencê-lo a tirar as gralhas da caverna sob o pretexto de que tinha medo delas. E após terem-se amado, Epmeteu caiu em sono profundo. Pandora foi até à caixa e abriu-a: um vortéx de males tais como mentira, doenças, inveja, velhice, guerra e morte saíram da caixa de forma tão assustadora que ela teve medo e fechou-a antes que saisse a última delas: o mal que acaba com a esperança.
E por isso hoje se diz que "A Esperança é a última a morrer!!!"

terça-feira, dezembro 26, 2006

Aproxima-se a Tormenta...

E pronto!! Ainda falta pouco mais de um mês para o início da época de exames, mas eis que começam as noites mal dormidas, as refeições mal ingeridas, os quilinhos que se vão perdendo (vamos ver se consigo bater o record de 6kg perdidos em 2semanas), e começa o stress dos exames.
Nada a que não esteja já habituada, mas o medo de falhar, o trauma que tenho à volta da anatomia e a sensação de que são coisas a mais para a minha cabeça, e de que nunca serei uma boa profissional porque não consigo enfiar tudo na cabeça comos os outros continuam a atormentar-me de tal forma que diria que é doentio. Ainda assim, há esperança que um dia tudo passe, tudo se faça e possa olhar para trás e rir-me destas parvoíces. Até lá, não durmo (ou passo noites inteiras a sonhar com enzimas, músculos, veias, artérias e afins), não como, emagreço, estudo e desespero dia sim, dia sim.
Mas uma coisa vos prometo a todos, meus queridos leitores, se um dia fizer anatomia, prometo que pago uma rodada (de qualquer coisa) ao pessoal.
***

sábado, dezembro 23, 2006

O Natalinho....

Para mim o Natal já não presta!!! Não gosto, não quero, eliminava se pudesse!!! A sério!!! Não gosto do facto de já não abraçar toda a magia que lhe estava inerente. Não gosto do facto do Pai Natal ter perdido a minha morada. Já não gosto de não me levantar às 6h do dia 25 para abrir os presentes com o meu irmão. Não gosto de já não deixar a janela aberta para o Senhor das Barbas entrar (porque não tenho chaminé). Não gosto do facto de o acto de fazer a Árvore de Natal já não ser uma diversão, uma partilha de encanto, uma entreajuda familiar (hoje faço sozinha e irrito-me sempre ao colocar as lâmpadas). Detesto ir fazer as compras só porque sim. E pior que tudo é passar a noite da Consoada, como o Dia de Natal sem estar rodeada da grande família que tenho!!! Não gosto mesmo nada do Natal!!!
Se quando era pequena delirava com as luzinhas e enfeites, hoje acho tudo uma palhaçada, foleirice e exagero. Hoje em dia poder-se-ia dizer que nesta época, as duas únicas coisas que se vêem do espaço são a Muralha da China e as janelas dos portugueses cheias de luzes.
De um dia para o outro a minha rua deixou de ser uma simples rua de Coimbra para ser uma verdadeira central eléctrica. Perdi a noção do dia e da noite, porque agora há luz durante as 24 horas.Parece que andamos a ver quem tem mais volts por metro quadrado. Dantes bastava uma árvore, depois passamos a ter as janelas iluminadas e agora o fenómeno alargou à casa toda. Desconfio que tenho vizinhos com sanitas iluminadas e bidés que permitem lavar as partes baixas sob tons de azul, vermelho, amarelo pisca pisca e ao som melódico de "é Natal, é Natal".Como se não bastassem as luzes, agora temos a inovação dos Pais Natal versão larápio: deixaram as chaminés para agora entrarem pelas varandas. Já por três vezes, o meu pai sacou da caçadeira, porque dizia que alguém estava a tentar entrar na casa do vizinho, provavelmente para roubar as luzes.O pior de tudo é que tenho um vizinho que não deve gostar muito do Natal, é que enquanto os outro inquilinos têm o Pai Natal a subir para a varanda por uma corda, ele tem também o Pai Natal pendurado, mas como uma corda à volta do pescoço.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Coimbra


Mondego, meu doce Mondego, corres assim,
Corres há milénios sem te arrepender
És a casa de água onde há poucos anos
Eu escolhi nascer.


A minha Coimbra. A minha cidade que eu tanto amo e adoro. A vida aqui pode ser um grande pasmaceira (por vezes, então na altura de férias é o tédio), mas gosto tanto do ar histórico que nela se respira. Em cada canto há uma história, em cada rua há um momento. Passar no Arco d'Almedina e ouvir Fado de Coimbra, faz-me arrepiar.
Adoro ver os turistas de máquina fotográfica em punho a disparar flashes em tudo o que mexe e não mexe. Gosto de andar trajada e ver os estudantes trajados a dar vida a esta cidade. Gosto de ver as praxes (e não só as dos caloiros, mas tudo o que faça parte da tradição académica) e sentir que faço parte de um grupo. Gosto das Serenatas. Gosto das festas académicas. Gosto do movimento que há nas ruas a toda a hora quando chegam à cidade Queimas e Latadas.
Gosto de Coimbra. Orgulho-me de ser coimbrinha.
E digam lá que não é uma cidade linda?
***=)

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Saco de Pancada - Take 29994

São 2h20 da manhã e não consigo dormir.
À semelhança dos últimos 5 dias, tenho um filme que me passa na cabeça à hora de dormir que me incomoda e que em nada me relaxa, pelo contrário, irrita-me e faz-me sentir deprimida. Com ele envergonho-me, penso nas asneiras que fiz e de que me arrependo e revolto-me contra as situações que me têm feito viver sem necessidade e contra as pessoas de quem recebo tanto ódio que não percebo.
Tudo gira em torno deste meu objectivo que atingi. Foi um desafio desde início, para o qual trabalhei durante 4 anos incessantemente. Foi um ritmo alucinante!!! Foi tudo pensado, foram criadas estratégias e, como todos os planos, também falhou. Mas não foi por isso que desisti e, como tal, voltei à luta e abdiquei de muitas coisas, tomei decisões que me custaram tantas outras e arrisquei. Arrisquei, mas valeu a pena. Hoje estou no curso com que sempre sonhei e para o qual trabalhei.
Desde início que lutei contra adversidades, muitas vezes impostas pelas exigências curriculares, mas também contra a incredulidade dos outros, porque sejamos francos, poucas foram as pessoas que acreditaram em mim. Nessa luta, durante 4 anos, apenas pude contar com o apoio dos meus pais (imprescindível!! Então o do meu pai louvável!!! Foi capaz de me por a procurar em mim forças que não sabia existirem quando pensava que tudo estava perdido), e de duas professoras, que hoje são minhas grandes amigas. No entanto, consegui!! E aqui estou eu capaz de dizer que não basta querer, há que lutar, mas é também preciso acreditar.
Apesar de tudo, apesar do prazer de "vitória", dói-me o coração de cada vez que vejo que aquilo que tenho hoje, é uma pedra enorme no sapato de muita gente. E poderia passar ao lado, sem me importar, não fosse eu uma pessoa que gosta de espalhar a harmonia entre os povos, mas principalmente, por saber que esses incómodos são criados em pessoas que tanto admirava e por quem nutria um enorme carinho.
Custa-me aceitar que de um momento para o outro (assim que entrei neste curso) as pessoas tenham passado a tratar-me de maneira diferente, que de cada vez que me vêem apenas conseguem dizer: "desiste desse curso!! Não serve para ti!!" (ainda que na brincadeira), custa-me não me ser permitido falar com orgulho sobre o que aprendi, quando outras pessoas o podem fazer sem terem de ouvir coisas do género "não inventes", custa-me ver o ar de enfado que fazem quando falo do que me entusiasma, custa-me estar em família e ouvir perguntar, por exemplo ao meu irmão, como está a correr o mestrado e a mim não me perguntarem nada, fazerem de conta que nem existo,......, simplesmente porque entrei num curso onde todos pensavam que nunca ia entrar, porque todos subestimaram a minha inteligência e o meu espírito empreendedor e a minha capacidade de luta.
Já sei com o que contar. Já refilei muitas vezes com estas situações. Já falei sobre isto vezes sem conta aqui no blog. Mas de todas as vezes que falo sinto-me cada vez mais magoada, porque de cada vez que me humilham e me magoam dói cada vez mais.
EU admito que falar de mortos e doenças sob o ponto de vista fisiológico não seja coisa que se aborde de ânimo leve, mas quantas não são as vezes e, digam-me, em quantas reuniões de família não vemos os /as avós a falarem nas doenças que têm e nos comprimidos que tomam, e em que isso vos desperta alguma atenção?!
Tenho orgulho no curso em que estou. Tenho!!! Gosto do que faço. Gosto!!! Mas porque é que um engenheiro pode passar por uma obra qualquer e apontar defeitos ou virtudes que vê nela e eu não posso ouvir a minha avó dizer que tem uma perna magoada e dizer-lhe que tem de tratar assim e assado e que não pode usar este ou aquele tratamento, correndo o perigo de piorar a situação, sem ter de ouvir coisas do género: "já estás a inventar!!!" ou "desiste desse curso!!! não te ensinam lá nada!!". Porque é que um estudante de uma qualquer engenharia, ou de Farmácia, ou de Psicologia pode dizer de boca cheia o nome do curso que frequenta sem qualquer tipo de problema e quando chega a minha vez tenho de me encolher toda, ou nem abrir a boca ou abrir e sujeitar-me a olhares estranhos ou bocas foleiras!? Mas será que eu tenho de encarar estas coisas com naturalidade?! Será que tenho de ouvir isto sem me sentir humilhada e mostrar que não me dói!? A verdade é que cada atitude destas me afecta como se fosse espetado em mim um punhal afiado. E por muito a brincar que seja, há coisas que não devem ser ditas, principalmente, quando até um cego vê que atrás dessas palavras se esconde uma enorme de cotovelo.
Eu não sou pessoa de esfregar na cara de quem quer que seja aquilo que tenho ou deixo de ter. Não sou pessoa de me vangloriar com o que tenho. Não sou uma pessoa que gosta de mostrar que sabe mais ou menos. E muito menos sou pessoa de dizer as coisas quando não sei do que falo. Então porque é que continuam a ver aquilo que digo ou faço como uma afronta, como uma qualquer maneira de me mostrar superior?! Porque é que continuam a humilhar-me dizendo que eu não percebo nada?!
Enfim....... é este o filme que me passa na cabeça. São estas coisas que me tiram o sono, a serenidade e a paz interior de que preciso para adormecer. São estas coisas que me afastam cada vez mais das pessoas. São estas coisas que me fazem chorar muitas vezes, porque não percebo o porquê destas atitudes para comigo.
***=(

segunda-feira, dezembro 11, 2006

A revelação

Há quem o conheça por Ali G, um rapper desajeitado, um bocado cromo;e há quem o conheça por Borat, mas por detrás destas duas personagens (bem conhecidas do público apreciador de um tipo especial de comédia), existe Sacha Baron Cohen que, meus amigos, se veio a revelar um verdadeiro Homem!!! Mas que homem é ele!!! Upa upa.....
Apesar de serem muitas as críticas feitas ao seu tipo de comédia e ao seu mais recente filme, em particular, confesso que gosto das críticas feitas de forma sarcástica, apesar de reconhecer que às vezes exagera e segue caminhos dispensáveis, ainda assim, o filme Borat não foi decepção para mim, muito pelo contrário conseguiu surpreender-me bastante, e já levava enormíssimas expectativas.

Ainda eu não sabia o que havia por detrás destas personagens e já achava que havia qualquer coisa de interessante no senhor, mas depois destas imagens........oh meus amigos.........o interesse subiu, sem dúvida!!! ihihihi
Não quero que pensem que o meu interesse pelo Sacha Cohen é meramente "físico" ou carnal (looool), mas que o facto de ser bem giro ajuda, lá isso é verdade!! Bem, sempre dá para lavar as belas das vistas e arrancar o lixo dos olhos.

***=)

sábado, dezembro 09, 2006

Pensamento de hoje

"Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"
Pois é, para quê continuar a bater na mesma tecla, se do som que ela emite apenas sai um ruído ensurdecedor? De tanto lhe bater, o som deixou de ter sentido. Os ouvidos cansaram-se de ouvir o som repetitivo, o ruído passou a ser incomodativo e o lugarzinho no nosso cérebro (ou coração) capaz de fazer uma melodia nos emocionar, nos tocar, deixou de encontrar razões para se sensibilizar.
Fartou-se, fartei-me. Larguei o piano, as teclas, levantei-me e fiz-me à estrada. Hoje sou uma pessoa diferente: magoada, é certo, sentida e "revoltada", mas sou também uma pessoa mais madura, calejada, e capaz de tomar novas decisões.
De tudo fica apenas a lembrança, e fica também a certeza de que não vale a pena chorar mais. De tudo o que de mau ficou, de todo o saldo negativo ficou a certeza de que não valeu a pena o deslize e fica a certeza definitiva de que há coisas bem mais importantes na vida do que um coração em permanente corda bamba de sentimentos. E hoje sei que aquilo que dizia que nunca iria fazer foi o que na realidade fiz. Tudo o que critiquei nos outros acabei por fazer também, provei do meu próprio veneno, mas aprendi e isso é que importa.
E para quê mais metáforas se quem devia perceber não percebe, se é pior que o cego aquele que não quer ver...?



***

Afinal, o mês que eu dizia que ia ser complicado, neste mês que eu desejava fazer "TILT" tantas vezes, neste mês em que gostava de reiniciar o meu sistema informático, está a ser bem mais fácil de ultrapassar do que pensei. Afinal sou mais forte do que pensava. Afinal, não foste assim tão importante. Sabes que mais? Há peças que agora se começam a juntar e que me fazem perceber que não mereceste nada, que não prestas. E não tenho vergonha de o escrever aqui, nem tenho medo que me venhas recriminar, se eu fui a vítima nisto tudo e sofri em silêncio, se nunca quiseste saber se me doía e o que realmente me martirizava. Se te dói? Ainda bem!!! Pode ser que tenhas uma pequena ideia do que foi para mim toda a mentira que vivi, de toda a história que não era minha onde me incluiste sem permissão. Pois claro que deviamos falar disto frente a frente. Concerteza de que isto era um assunto nosso. Mas se foste tu que não me quiseste ouvir e eu tive necessidade de me libertar.........

terça-feira, dezembro 05, 2006

A praxe já não é o que era

Este é um excerto de um livro de Fernando Namora que retrata a tradição académica coimbrã. Neste excerto é retratado um Tribunal de Praxes. Faz-me ter saudades dos tempos que não vivi, porque hoje em dia a praxe é cada vez mais sazonal e sem grande intento. É uma leitura um pouco extensa mas que vale muito a pena. Percam uns 5minutitos da vossa vida atribulada e vão ver que não se arrependem. Se não quiserem ler sejam felizes na mesma.
"Foi empurrado para um quarto de janelas ofuscadas com as capas negras dos estudantes. A única luz do ambiente provinha de uma vela que tinham fixado na calote de uma caveira. Só momentos depois Abílio distinguiu as mulheres nuas desenhadas nas paredes, as mocas, os bacios e as outras ornamentações burlescas que pretendiam caricaturar os covis dos bruxos ou os rituais das seitas de terror.
[...]
De súbito, Abílio viu-se sufocado por uma capa que lhe tinha sido atirada sobre a cabeça e logo depois duas mãos fizeram-lhe roçar pelo rosto qualquer coisa simultaneamente sedosa e repulsiva. [...] Tratava-se de um mocho empalhado que, não se sabia donde, aparecera a ornamentar a mesa, ao lado da caveira.
Distribuíram rapidamente entre os mais velhos os papéis de acusador, de defesa, de juíz - e a cada um foram entregues uns óculos de papel, que logo encavalitaram na ponta do nariz, e ainda barbas e cabeleiras de algodão. A audiência começou com uma pergunta trovejada:
- Diga, verme infecto: quais são os pontos cardeais?
- Responda seu protozoário de trazer por casa!
[...] Um dos colegas segredou-lhe amigavelmente:
- Responda qualquer coisa. Não seja piegas.
- Os pontos cardeais são: Norte, Sul...
- Pare aí, sua besta! Basta de palavrões! Os pontos cardeais são: o Pirata, o Tasco, o Prego e... Mas antes defina o Tasco.
O estudante que se encarregara da sua defesa interrompeu:
-Essas altas especulações filosóficas estão fora das antenas do meu constituinte. Protesto. Vou requerer...
- Não vai requerer coisa nenhuma!....
- Tasco é... uma taberna.
- Burro!
[...]
- Tasco é a Universidade, seu herege! Um santuário estratificado em gerações de estupidez glorificada, onde a sua e a nossa ingenuidade depositam quantias importantes com o fim oculto de se impingirem canudos de papelão a bacharéis sem miolo e sem gramática.
[...]
- Pirata é, ou era..., um ladrão dos mares...Um pirata em suma - concluiu jovialmente Abílio.
[...]
-O Pirata, seu homúnculo rastejante, é um dos antros onde se registam com demasiada regularidade débitos de alimentos indigeríveis e de bebidas de graduação alcoólica rectificada.
[...]
- Quais os autores clássicos da língua portuguesa?
O advogado de defesa protestou:
- Vossas Excelências continuam a abusar de perguntas metafísicas. O meu constituinte decerto só conhece as obras altamente fasciculares do Poeta das Lêndeas...
- A insinuação que acabo de ouvir é deliberadamente ofensiva para o titular de ceptro poético dos Ecos de Freixo de Espada à Cinta. [...]
- Mas os clássicos a que o réu se deveria referir são outros. São os chamados clássicos dos clássicos, ou por outras palavras, os que escreveram as suas obras-mestras com uma pena de pato. São...
-António Duarte Ferreira, autor do Palito Métrico, e o ilustríssimo anónimo do Borda-d'Água.
- O Livro dos Livros...-acrescentou o delegado.
-Sim, mas este tribunal não deve esquecer os autores das agendas das donas de casa, embora nessas se tivesse utilizado a pena feminina, a pena de pata. E ainda os autores dos livros de mortalhas e dos livros de cheques.
[...]
-Passemos à Botânica....Qual o animal que faz excepção às leis da gravidade?
-Não conheço animais em Botânica.
-Heresia, Senhor Juiz! O caloiro atreve-se a discutir os dogmas deste ritual!
-Vossa Excelência exagera! Essa teológicas especulações não constam da sebenta. O caloiro não tem obrigação de as conhecer. Se nos mostrarmos exigentes, o caloiro pensará que os animais que fogem à lei da gravidade são aqueles que, neste tribunal, se apresentam sem gravidade nenhuma.
[...]
-...estávamos então nos animais equilibristas....Ora bem: vou eu esclarecer piedosamente o empedernido cérebro do réu. O animal é a mosca, seu parvo, que faz caca para o tecto em de fazer para o chão. Quer maior ofensa às leis da gravidade?E como você é uma besta incorrigível, não gastemos mais cuspo e vamos à sentença. Capítulo primeiro: o caloiro está condenado à tortura da madureza. Em oito dias terá de definir, em puríssimo vernáculo da Academia, o que vem a ser uma pega e um futrica. E é tudo o que lhe exijo de gramática. Quanto à leitura, condeno-o a ler as horas na torre da Universidade, de noite e de cara tapada. Em química deverá enunciar-nos a fórmula do chifre mole, mas conhecido por apêndice de caloiros. Em botânica descreverá a flor das hemorróidas, o seu perfume e a espécie vegetal a que pertence... Em física o réu deverá provar o teorema de Arquimedes, servindo-se de uma vela acesa espetada nos canais naturais de despejo."
in "Fogo na Noite Escura", de Fernando Namora
***=)

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Notícia de última hora!!

A Laika já está em casa. A cirurgia correu bem. Vem com uma pata retalhada. 9 pontos a registar. E farta-se de gemer com dores.
O olhar triste dela é de fazer chorar as pedrinhas da calçada e o "sentimento de culpa" que tenho de a ter levado aos senhores maus faz-me querer dar-lhe tantos miminhos e pedir-lhe desculpas. Coisas de uma apaixonada por animais, a quem custa mais vê-los sofrer do que ver sofrer um ser humano.
Começa a recuperação da Laikinha
***

Com a Laika até ao fim!!!

Fez agora há pouco tempo 8 anos que recebi a coisa mais fofa que alguma vez poderia ter desejado: a minha Laika.
Ainda me lembro, como se fosse hoje, a sensação de alegria que tive quando, no quarto onde eu estava a estudar, me aparece a minha mãe com um novelinho de lã branquinho, só com 3 pintarolas pretas. Era tão pequenina e tinha um ar assustado. Nem acreditava que iria ser minha aquela cadela. Os meus pais sempre me disseram que não queriam animais em casa e consciencializei-me de que um cão em minha casa iria ser uma utopia. Lembro-me de sentir os meus olhos húmidos, e de me rir à parva. Agarrei aquele animal e não mais o larguei. Tratei-o como se fosse uma das minhas bonecas (coitada, agora sei que deve ter sofrido horrores nas minhas mãos). Desde então tornou-se o nosso membro da família mais novo, a nossa cassulinha.
Ensinei-a a deitar, a sentar, a dar as duas patitas e, agora mais recentemente, o meu maior orgulho, a dar miminhos (quando está ao nosso colo, que nem um bébé mimado, encosta a cabecita ao nosso peito e é ouvi-la a suspirar!!!),...., de facto, a este animal apenas lhe falta falar.
Mas, a idade não perdoa, e com ela começam a surgir os problemas. Há uns meses apareceu-lhe um carocito na pata, que na altura de tão pequeno mais se assemelhava a uma mordidela de bicho mau. Mas com o tempo começou a crescer e há duas semanas, de tão feio que ficou, levámo-la ao veterinário. Foi-nos, então, dito que aquilo seria um tumor. Logo aí tudo nos caiu aos pés....... E hoje, a Laikissis, foi à faca. Aliás, no momento em que vos escrevo, deve estar ela deitadinha de epidural injectada, para lhe retirarem aquele apêndice que se alojou na patita.
Fui eu que a levei ao martírio. Até hoje adorava as idas ao "méquido", como eu lhe dizia sempre (sim, penso que a partir de hoje não mais nutrirá o encanto que tinha por aquele lugar), e assim que a deixei nas mãos do médico, foi vê-la a olhar para mim com os olhinhos mais tristes de quem pede socorro. E custou-me tanto deixá-la lá.
E agora resta-me esperar, e rezar para que tudo corra bem. Eu sei que ela está em boas mãos. Todos aqueles médicos são geniais, sabem cuidar dos animais e gostam mesmo do que fazem e, para eles, qualquer falha significa a revolta e a frustração. Acredito que irão tratar da minha Laika com todo o carinho e que logo à noite quando a for buscar que eles me vão dar o animal como novo, acompanhada de boas notícias.
Estejamos com a minha Laika=)
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sábado, dezembro 02, 2006

Eutanásia II

Para mais um momento sério neste blog, deixo-vos com parte de uma entrevista que saiu esta semana na revista "Tabu" do jornal "Sol".
É uma entrevista ao cientista Martin Raff, que tem desenvolvido diversos trabalhos de investigação na área da Biologia Celular. São feitas referências aos seus diversos trabalhos, mas a parte que mais me despertou a atenção foi a sua opinião relativamente à eutanásia.
Ora então aqui está o que importa reter desta entrevista em relação a este tema:
-Em casos extremos justifica-se a aplicação da eutanásia?
Sou um feroz defensor da eutanásia e farei tudo o que puder para a tornar legal. Coloco uma questão. Quando chegamos aos 80 anos, temos 15 a 20% de hipóteses de nos ser diagnosticada doença de Alzheimer. Queremos acabar os nossos dias amarrados a uma cadeira, sem sabermos quem somos, onde estamos, ou quem são as pessoas à nossa volta? Podemos ficar assim durante anos. Eu nunca ouvi ninguém dizer que sim. E há cada vez mais pessoas a atingirem essa faixa etária. [...]
-Mas esses estados (que já legislaram a eutanásia) especificam certas situações para aplicar a eutanásia.
Sim. Os únicos argumentos contra isso relacionam-se com as nossas crenças: se Deus nos deu a vida é o único que a pode tirar. Até se pode acreditar nisso, mas eu não acredito. Por isso a decisão devia ser individual. E é uma decisão difícil para um médico que sabe que o paciente não vai melhorar, que tem no máximo 2 anos de vida e que vai piorar todos os dias. O que pode fazer um médico? Os clínicos aplicam-na agora mas de maneira irregular - porque é ilegal- ao desligar o ventilador ou as máquinas que agarram o doente à vida.
-Mas não deixa de ser uma solução polémica.
O aborto, por exemplo, é legal em muitos países, e o que é estranho é que, neste caso, retira-se a vida de alguém que não pediu para morrer, ao contrário da eutanásia.
in "Tabu", jornal "Sol"
1 Dezembro 2006
Só mesmo para actualizar.... Mais qualquer coisa para alimentar o intelecto, uma vez que os desastres já vão sendo coisa rara por aqui.
***=)